Por Simone Domingues
Queria escrever um texto suave que falasse de esperança e prosperidade.
Queria escrever sobre meninos correndo livres pelas ruas e praças.
Sobre pessoas e abraços apertados.
Mas há uma ausência de palavras.
O tempo, que antes parecia um aliado, agora nos escapa, nos confunde.
O presente, marcado por escassez de novidades, reforça em nossas memórias uma melancolia sorrateira, daquelas que precisamos vigiar para não enveredar.
É preciso um certo esforço para que o coração seja acalmado. É preciso um certo esforço para evitar que ele retenha feridas de uma face da realidade, ainda pouco conhecida.
Resistimos. E pouco a pouco, com esperança tímida, imploramos ao futuro que se encarregue das mudanças que nos permitam sorrisos, afagos, encontros.
Somos equilibristas nessa tal linha da vida…
O que nos sustenta? Não estamos sós.
Somos a somatória das pessoas que passam por nós. Por vezes, esquecidas ou distantes, mas nunca ausentes; porque de certo modo, carregamos cada uma dentro de nós.
Sua presença repercute em nossas crenças, medos e expectativas. Sua presença ressoa no olhar acolhedor, nas mãos que nos amparam ou nas palavras que nos encorajam.
Carecemos de presença.
Dessas que nos permitam percorrer um caminho que nos leve a encontrar um sentido e seguir com esperança.
Desejamos ser presença.
Dessas que permitam ao outro percorrer um caminho mais feliz, com uma vida digna e um futuro melhor.
Como diria Saint-Exupéry:
“O que salva é dar um passo. Mais um passo. É sempre o mesmo passo que se recomeça”.
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Simone Domingues é Psicóloga especialista em Neuropsicologia, tem Pós-Doutorado em Neurociências pela Universidade de Lille/França, é uma das autoras do perfil @dezporcentomais no Youtube. Escreveu este artigo a convite do Blog do Mílton Jung