Uma redação, muitas décadas e mais um Natal

Edmilson, Claudinho, Paschoal e eu na redação da CBN

Começou o plantão de fim de ano nas redações. É aquele período em que as equipes de jornalismo se dividem em duas para trabalhar em dobro e garantir alguns dias de folga no meio das festas. Em 2025, coube-me o Natal, enquanto Cássia Godoy descansa. Na semana seguinte será a minha vez de calçar as sandálias e relaxar — se é que calçar sandálias ainda é possível sem que se transforme em ato político também.

Logo na chegada à redação, na segunda-feira, tive uma feliz surpresa. Entre os poucos colegas escalados, encontrei três das antigas. Jornalistas e radialistas que me acompanham há algumas décadas: Paschoal Júnior, Edmilson Fernandes e Cláudio Antonio.

Paschoal, para quem ouve o Jornal da CBN, já foi apresentado. É o responsável pela mesa de som do programa — o que não diz tudo sobre ele. Tem participação ativa na edição do jornal, interfere nas pautas, ilustra entrevistas e reportagens, provoca à reflexão e está sempre disposto a oferecer pérolas filosóficas.

Edmilson e Claudinho respondem pela crônica política mais bem-humorada do rádio brasileiro: a Rádio Sucupira, que fecha as edições de sexta-feira do Jornal da CBN. Ed também é o chefe da madrugada e responsável pela edição e redação da abertura do Jornal. Claudinho é um maestro. As melhores sonorizações da rádio passam pelo talento dele. Em particular, destaco a parceria que mantemos há anos na edição do Conte Sua História de São Paulo.

Somos colegas desde o século passado. A expressão pode parecer exagerada, considerando que estamos apenas concluindo o ano 25 do século 21. Ainda assim, ela diz muito. As relações — e as redações — tornaram-se cada vez mais efêmeras. A troca de emprego é frequente. No jornalismo — e percebo que nos escritórios das empresas também — a turma chega novinha, motivada, mas, se em três ou quatro meses não surge um novo desafio, uma atividade diferente ou uma promoção, já pensa em cair fora, buscar novos horizontes, como costumam dizer no linguajar corporativo. Ninguém mais tem paciência.

Eu, Paschoal, Ed e Claudinho tivemos. Muita paciência. Tanto quanto a empresa teve com a gente.

Neste mês de dezembro, completei 27 anos de rádio CBN. Cheguei praticamente junto com o Ed. Paschoal e Claudinho vieram um pouco antes. Estão completando 30 anos. Somados, a foto que ilustra este texto reúne 114 anos de CBN. Tempo de muita história, reportagem, coberturas, graças e falhas. Há frustrações, também — elas existem em todos os aspectos da vida. Aprender com os defeitos, nossos e dos outros, nos tornou mais resilientes. A soma de tudo isso nos forjou e nos trouxe até este Natal.

O tempo, esse mesmo que apavora quem tem pressa demais, nunca me constrangeu. Ao contrário, me orgulha. Orgulha porque ficou. Porque sedimentou relações, ensinou limites, expôs falhas e permitiu correções. Orgulha porque mostrou que permanecer também é um gesto de coragem. Num período em que tudo parece descartável, seguir junto por décadas não é atraso. É escolha. E, olhando para essa redação quase vazia, cheia de histórias, percebo que o tempo não nos envelheceu. Deu-nos lastro.

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