Uma tarde no museu

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

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Na tarde dessa terça feira, decidi experimentar um roteiro cultural como visitante da cidade de São Paulo. Afinal, é a maior receptora de turistas no Brasil. São mais de 11 milhões por ano, número equivalente a sua população, e tem o mais qualificado acervo artístico com inúmeros museus e um poderoso calendário de espetáculos teatrais e musicais do país.

 

O MAC Museu de Arte Contemporânea foi o destino escolhido, pois apresentava uma nova exposição, “Os desígnios da arte contemporânea no Brasil”, reunindo a obra de nove artistas de diferentes regiões do Brasil.

 

Datado de 1963, o MAC na sua origem tem tudo a ver com a cidade, pois surgiu da doação de Ciccillo Matarazzo e esposa, mecenas cuja fortuna veio da atividade empresarial da família oriunda da Itália, e efetivada em São Paulo.

 

Hoje, sua sede está em frente ao Parque do Ibirapuera, criada por Niemayer, onde guarda parte das obras como as de Modgliani, Picasso, Kandinsky, Chagall, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, etc.

 

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“Os desígnios da arte contemporânea do Brasil”  com a curadoria de José Antonio Marton se presta bem para desmistificar o entendimento da arte, pois, assim como para apreciar um bom prato não é necessário que sejamos um “chef”, para usufruir da beleza e do significado de uma obra de arte, basta vê-la e senti-la. Visão e emoção são suficientes.

 

O MAC ainda apresenta outras exposições como atração para um ótimo passeio, além da beleza do edifício e da vista panorâmica da cobertura. A entrada é gratuita, assim como o estacionamento, com destaque ao bom atendimento de todos os funcionários do museu.

 

É de se estranhar a pouca visitação constatada, o que não condiz com o que ocorre em outras cidades estrangeiras do porte de São Paulo. Apenas nos fins de semana, talvez como subproduto da visitação do Parque Ibirapuera a frequência é diferente.

 

O MAC pode e deve ser mais usado pela cidade. Visitantes e moradores.

 

Exposição: Os Desígnios da Arte Contemporânea no Brasil
Curadoria: José Antônio Marton
Abertura: 25 de março de 2017, a partir das 11 horas
Encerramento: 30 de julho de 2017
Funcionamento: Terça das 10h às 21h, quarta a domingo das 10h às 18h
Local: MAC USP Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301
Telefone : 11 2648.0254 (recepção) – 11 2648.0258 (educativo)
Entrada gratuita

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

 

Como (não) usar o certificado digital no seu computador Mac

 

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Você já deve ter ouvido falar em certificado digital, algo criado para facilitar o acesso do cidadão e sua empresa, e com muito mais segurança, a uma série de serviços. Essa ao menos é a ideia central. O problema é que para a coisa funcionar, você tem de se submeter às limitações das empresas que vendem os certificados.

 

Já contei aqui no Blog que sou usuário de produtos MAC: Iphone, MacBook, MacAir e iMac. Às vezes, até de um BigMac, mas este não tem nada a ver com nossa conversa de hoje. No campo da tecnologia fui conquistado pelas criações de Steve Jobs e, desde cedo, aprendi que isto me levaria a enfrentar algumas barreiras, típicas de quem está ao lado das minorias, apesar de, atualmente, este conceito não se encaixar mais no caso dos usuários da Apple.

 

E por ser usuário da Apple e ter produtos que rodam no sistema iOs, todas as vezes que preciso renovar o certificado digital me deparo com alguma restrição. Semana passada, descobri que o novo token GD, certificado pela Serasa Experian, não “conversa” com a versão do iOs Yosemite (10.10.3). Claro que ninguém nos conta isso quando compramos o certificado. Descobre-se no processo de instalação.

 

No portal da Serasa até é possível baixar programas para Mac, mas os tutoriais são todos para Windows. Coisa de esquizofrênico! A gente até insiste em fazer a instalação por intuição, mas chega um momento em que se percebe que o certificado não pode ser acessado. Faz o quê? Chama os universitários, como diria Sílvio Santos. No caso, o pessoal do suporte técnico da Serasa. Nessa última experiência, precisei conversar com três deles, desperdiçar quase duas horas e só conseguir acesso ao certificado graças a um “puxadinho digital”.

 

Em pouco tempo, o primeiro atendente já entregou os pontos e me mandou procurar um computador Windows em casa. Disse que o novo certificado ainda não foi adaptado para as versões mais recentes do iOS. Ou seja, azar seu que resolveu instalar um sistema mais seguro e preciso nos seus computadores. Na próxima vez, liga para a Serasa e pergunta se ela deixa.

 

Apesar de minha resignação, e do constrangimento de ter de tirar um dos filhos da frente de seu computador, meu comportamento não me proporcionou uma vida mais tranquila. Após uma série de “libera aqui”, “acessa ali”, “verifica acolá” e “tenta assim” fui informado da necessidade de reinstalar o Internet Explorer, usando uma versão mais antiga: “o senhor precisa fazer um downgrade”- sentenciou o moço. Eu fazer um downgrade? Adoraria. Imagina passar da versão 5.1 para uma 4.0, por exemplo. Seria excelente. Não, faça um downgrade do seu Internet Explorer. Isso mesmo. Também no Windows, estar atualizado é um problema para a Serasa.

 

Não pense, porém, que estar em um computador Windows e com uma versão antiga do I.E seriam medidas suficientes para acessar o certificado digital. Ainda assim, e mesmo com toda a paciência (com ironia) deste que lhe escreve e gentileza (sem ironia) daquele que me explicava, não havia santo capaz de fazer o token funcionar. Foi, então, que o assistente da Serasa fez a pergunta matadora: “o senhor tem antivírus?” Sim, evidentemente que tenho. Até porque estou agora em um Windows. Estivesse no meu Mac, não haveria necessidade do antivírus (eu sei, há controvérsias sobre o tema).

 

Foi desativar o antivírus e o certificado digital deu as caras. E como usar o certificado e o antivírus? “Aí o senhor tem de perguntar para um técnico” … foi a recomendação que ouvi.

 

Ou seja, quase duas horas depois de iniciado o procedimento, descobri que para usar um produto que supostamente oferece mais segurança digital sou obrigado a ficar vulnerável a hacker e vírus. Para ficar seguro tenho de ficar inseguro. Vai entender!

 

ps: há uma semana registrei esta queixa no site da Serasa e não recebi nenhuma resposta da empresa até agora. Em compensação, dia sim, dia não, aparece uma newsletter da empresa na minha caixa de correio.

MacMais se despede dos leitores e deixa minha banca de revista sem graça

 

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Das bancas de revista tenho aproveitado muito pouco apesar de sempre me chamar atenção aquela diversificação de capas expostas. Gosto de ver o que as publicações estão anunciando, desde as fórmulas matadoras para nos transformarmos em profissionais de sucesso até as belas moças que nos convencem de que com pouco esforço e muita dieta a barriga que nos assusta desaparecerá para sempre – ou até a próxima edição da revista. As semanais, que deveriam ser chamadas jornalísticas, já impactaram mais o noticiário com suas denúncias bombásticas. Acredito que a fugacidade das notícias tenha levado os furos para suas páginas na internet, antecipando-se a edição do fim de semana.

 

Para ser sincero, meu interesse comercial nas bancas tinha um único alvo: a MacMais, única revista especializada em equipamentos da Apple escrita em língua portuguesa. A tenho guardada em coleção desde a época em que se chamava MacMania, quando fui apresentada a ela pelo colega José Roberto de Toledo, com quem dividi redação no Portal Terra, lá pelo início do século (século 21, lógico!). Se não me falha a memória ainda não havia comprado meu primeiro Mac e usei a revista para entender melhor os benefícios que teria nesta mudança. A troca de nome da revista veio acompanhada de mais organização e periodicidade, o que me fez comprador ainda mais assíduo e levando minha coleção a ocupar uma das partes do armário que tenho no escritório de casa. Se nenhum enxerido se atreveu a mexer por lá, devo ter todos os números publicados até hoje.

 

Na MacMais encontrei várias dicas salvadoras para manipular minhas máquinas da Apple, garantindo uma relação que se iniciou com um poderoso PowerBook G4 para depois migrar a todo lançamento legal anunciado por Steve Jobs. Hoje, em casa, tem um iMac, um MacBook, um MacAir, Iphones e Ipods todos incluindo aplicativos ou soluções oferecidas na revista. Tive o prazer de escrever na última página da edição de abril de 2013, reservada a coluna Mais ou Menos, na qual pude expor meu incomodo aos maus serviços prestados por boa parte das assistências técnicas da Apple, em São Paulo. Estão anos luz distantes da qualidade dos produtos desenvolvidos em Cupertino. Foi também a revista quem incentivou a criação do blog MacFuca, escrito por meu irmão, o Christian, que se dedica a falar sobre um dos carros mais apaixonantes no Brasil. A partir de uma foto em que o fusca dele aparecia com o adesivo da maça da Apple e a placa com as iniciais AIR, surgiu a brincadeira que uniu o nome de duas marcas que mantém uma quantidade incrível de fãs pelo mundo.

 

Durante muito tempo ensaiei carta (perdão, e-mail) ao editor Sérgio Miranda propondo a reedição, em minha casa, de um esquadrão que ele e colegas de redação criaram. O grupo, aos moldes do Ghostbuster, era chamado para oferecer soluções múltiplas a usuários de Mac, conectando os equipamentos, baixando programas, ensinando truques e tornando a vida ainda mais prática. Não tenho certeza se chegaram a realizar esta brincadeira por mais de uma edição, mas adoraria tê-los por aqui para me ensinar a explorar 100% ou quase do potencial das máquinas que tenho. Jamais me atrevi a escrever pois não gostaria que minha condição de jornalista e conhecido do editor influenciasse a decisão deles. Até porque se quisesse mesmo resolver todos os problemas que contratasse técnicos especializados, não é mesmo?

 

Neste fim de semana, fui a banca mais uma vez em busca da revista e lá estava a capa dela me oferecendo um guia completo de sobrevivência na nuvem, com informações sobre o iCloud Drive. Mal havia pago, fui surpreendido com o editorial assinado pelo Sérgio no qual a revista se despedia de seus leitores. Sim, a edição 103, de fevereiro de 2015, da MacMais será a última publicada pela editora Escala. Sérgio não explica os motivos desta decisão, mas a realidade do mercado editorial talvez seja suficiente para justificar a medida. Está cada vez mais complicado manter revistas rodando pelo custo da produção (especialmente se forem qualificadas e responsáveis), o baixo número de leitores e o sumiço dos anunciantes. O que surpreende é saber do fim da Macmais no momento em que a Apple está bombando e supera suas principais concorrentes nos mais diferentes rankings de mercado.

 

Os fãs do Mac provavelmente estejam buscando informações em outra freguesia há muito tempo, afinal a internet está por aí a desafiar todos os modelos de negócio. Muita gente talvez nem soubesse da existência da revista ou ao vê-la exposta a confundia com mais uma das muitas publicações tentando sobreviver na banca. A verdade é que fiquei triste em saber que nunca mais terei o prazer de, ao passar na revistaria, perguntar se a “Mac” chegou. Mais triste ainda em perder uma publicação que desenvolvia um trabalho tão sério quanto difícil, levando em consideração a infraestrutura oferecida ao pessoal da redação e a disputa feroz com os demais meios de informação. Ali você não ficava sabendo de boatos, o que se lia era a verdade. Mesmo fãs da marca, não se acanhavam em reclamar sempre que algo não dava certo. Os leitores tinham a certeza de que as dicas não eram impulsionadas por interesses comerciais. As sugestões tinham conquistado o coração da redação e não o bolso. Eu , em particular, comprava a MacMais pelo o que eles me ofereciam de maior valor: credibilidade. Por terem mantido esta marca até o fim, Sérgio e equipe estão de parabéns.

 

Espero encontrá-los em breve em uma banca qualquer da cidade!

Tô de saco cheio: quem mandou me acostumar mal !?

 

 

Este texto publiquei, originalmente, na coluna “Mais ou Menos” da revista MacMais de Abril/13, a convite do editor Sérgio Miranda, a quem agradeço pela oportunidade. O artigo se encaixa na coluna ‘Tô de saco cheio’, que sai às segundas-feiras aqui no Blog e se dedica a falar da relação empresas e prestadores de serviço com o consumidor:

 

Uma Olivetti de teclas grandes cercada por laudas e papel carbono decoravam minha primeira mesa de trabalho em uma redação. Ainda era protótipo de jornalista, contratado como estagiário para trabalhar na Rádio Guaíba de Porto Alegre, em 1984, e já realizava o sonho de produzir e redigir programa dedicado ao esporte amador. Também levava comigo mania incômoda e pouco produtiva: uma letra errada ou frase mal escrita não podiam ser retocadas, jogava-se a lauda fora e começava-se tudo de novo. Os textos tinham de estar sempre limpos e respeitando a margem. Perdia tempo e papel, mas teimava em não rebater as letras ou usar o pincel corretor.

 

Comecei minha carreira no mesmo ano em que, nos Estados Unidos, era lançada uma máquina que iria revolucionar a forma de nos relacionarmos com os computadores e tornaria meu trabalho muito mais simples – você não imagina o alívio que sinto ao corrigir uma frase ou justificar o texto com apenas um ou dois toques. Gosto de lembrar desta coincidência de datas, em minhas palestras, para mostrar a evolução da comunicação nestes quase 30 anos de jornalismo. Se ao começar na profissão, o computador que era um sucesso rodava a 8 Mhz e estava há milhas de distância, hoje escrevo este artigo diante de um MacBook Pro que acelera a 2,8GHz. A evolução da tecnologia e a alta velocidade com que os dados são trocados colocaram de cabeça para baixo os meios de comunicação, mexeram no cotidiano dos jornalistas e mudaram o hábito do consumidor de informação. Poucos têm paciência para o jornal do dia seguinte ou o telejornal da noite; todos querem a notícia aqui e agora.

 

Tenho certeza de que Steve Jobs pensava em mim quando criou o Macintosh II. E sabia que, mesmo que levasse 20 anos para me encontrar com um Apple, ali estaria a máquina que iria resolver os meus problemas. Meu batizado foi em um PowerBook G4, que ainda guardo em casa, apesar do problema na tela que nenhum técnico é capaz de resolver. No teclado confortável para um notebook escrevia textos com rapidez e clareza. As ideias fluíam com facilidade. Percebi que o Keynote era um espetáculo quase tão significativo quanto o conteúdo da palestra. E era possível manipular arquivos de maneira simples, direta e objetiva.

 

Contaminado pelas máquinas prateadas – tive ao menos mais três modelos de Mac, inclusive o primeiro MacBook Air -, imaginava ter todas minhas necessidades atendidas. O tempo me mostrou, porém, que o reino encantado de Jobs tinha limites, em especial quando dependia de terceiros. A começar pela dificuldade de algumas empresas em fazer rodar seus programas – e não me refiro a games, hoje um problema menor. Por exemplo, tenho de manter um pequeno HP na mesa para acessar minha conta jurídica no Bradesco, que me promete há meses uma solução, sem sucesso. As certificadoras digitais me obrigam a manter versão antiga do Firefox para emitir notas fiscais. Pior mesmo são as assistências técnicas que se apresentam como autorizadas.

 

Nestes dez anos em que me acostumei a ser bem servido pela Apple, nas vezes que precisei de um conserto fiquei muito frustrado. O usuário Mac tem computador de alta qualidade, programas que satisfazem e performance de deixar qualquer colega da mesa ao lado de boca aberta. Infelizmente, as assistências técnicas da marca constroem um padrão de atendimento que vai na contramão da imagem de qualidade embarcada nos produtos da Apple. E não se trata de pedir nada de excepcional, apenas que respeitem o direito do consumidor.

Eles não resistem à sedução das marcas

Em pé de guerra, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, aparece durante suposta reunião de emergência, na qual um dos assuntos seria um plano de ataque aos Estados Unidos, ao lado de um dos símbolos do capitalismo e criatividade americanos: a poderosa maçã da Apple. Sobre a mesa em que o norte-coreano faz pose de ditador está um iMac, fato que chama atenção principalmente pelo embargo que impede a venda de produtos americanos no país de Kim. Imagina-se que ele tenha comprado a poderosa máquina em uma de suas viagens aos Estados Unidos.

 

A presença de ícones como a Apple ao lado de ditadores que ganham projeção com discursos contra o capitalismo não é uma novidade. O comunista Fidel Castro, em Cuba, cansou de aparecer estampando no peito o símbolo da Adidas. O que fica muito evidente é que nem mesmo estes líderes durões resistem a sedução das grandes marcas.

Apple, a crítica e o “UAU”

 


Por Carlos Magno Gibrail

 

 

A expectativa para o lançamento do iPhone 5 da Apple não decepcionou. A atenção foi grande, mas a recepção pela crítica especializada foi diferente dos bons tempos de Steve Jobs. A revista Wired avaliou o iPhone 5 como “completamente incrível e totalmente tedioso”, e considerou que agora na Apple “revolução se torna evolução”. O Wall Street Journal intitulou assim o artigo sobre o aparelho: “O iPhone 5 é entediante?”. A revista Veja usou a frase da Wired: “evolução sem revolução”, que a atribuiu aos corredores da Apple.

 

Tim Cook, o substituto de Jobs, ao optar por uma cenografia semelhante a do antecessor, com direito a jeans e camiseta preta, ainda que focado na melhoria do produto, estratégia básica da Apple, foi lida como um evolucionista e não um revolucionário pelos jornalistas do ramo. Uma das raras interpretações diferenciadas foi de Ronaldo Lemos, colunista da Folha, que associou o sistema da Apple similar ao da Moda, ao acelerar a obsolescência e estabelecer faixas de preços hierárquicas, como alta costura, prêt-à-porter e fast fashion, na medida em que baixou os preços dos produtos já existentes.

 

Com a certeza de que a ausência de Steve Jobs não deveria ser sentida agora, pois empresas inteligentes possuem planos para no mínimo cinco anos, busquei a opinião de quem entende de Apple.
Sergio Miranda, jornalista e editor da Mac+. Ele também crê que a ausência de Jobs poderá ser sentida somente depois deste período. Ao mesmo tempo em que lembra a pressão da mídia procurando antecipar as novidades, tendo chegado às vésperas do lançamento sabendo praticamente tudo o que seria mostrado. Daí a impressão de tédio ou falta de emoção. O “UAU” não veio. Miranda registra que já era de Steve a orientação para o produto, pois considerava que o consumidor não sabia o que queria. Por isso na sua volta à Apple procurou centrar a atenção em poucos produtos e lançar novidades depois de exaurir em qualidade e aplicação os existentes. Ainda segundo Miranda, há novidades previstas planejadas por Jobs, tanto em termos de hardware como de software para os próximos quatro anos, porque um já se foi.

 

A verdade é que ontem as informações reais sobre a reação do mercado consumidor atestam a assertiva da Apple e contestam a dos especialistas. Tal qual no cinema, na moda e em muitas outras áreas. Os filmes dos críticos não dão bilheteria, a preferência dos estilistas não vende para o grande público. Foram encomendados dois milhões de iPhones 5 em 24 horas, batendo todos os recordes anteriores.

 

O “UAU” veio. De quem interessa.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

O Keynote de Jobs é fascinante

 

Aproveito as férias para ler a biografia de Steve Jobs, lançada por Walter Isaacson, livro bem escrito e com detalhes interessantes, alguns que conhecia desde que li iWoz, escrito pelo co-fundador da Apple Steven Wozniak. Gosto das biografias muito mais do que qualquer outro gênero talvez por cacoete adquirido no jornalismo, onde se tende a falar de fatos reais. Enquanto leio, lembro-me de uma encomenda que havia sido feita pelo editor da revista MacMais, especializada no mundo Mac, para que eu escrevesse sobre o que mais me admirava no genial Steve Jobs. O texto jamais foi publicado e acabo de encontrá-lo entre vários arquivos expostos na mesa do meu MacBookPro:

Nasci no jornalismo em 1984 quando Steve Jobs trouxe a nós o Mac II, que tinha como grande façanha permitir o acesso do cidadão comum a um mundo até então reservado aos nerds. Mas apenas fui descobrir as coisas fantásticas que ele e sua equipe criaram muitos anos depois ao comprar o primeiro PowerBook, na virada do século. Rapidamente me apaixonei pela praticidade e criatividade das máquinas e da marca. Airbook, MacBook, IMac, Ipod, Iphone, Itouch e, finalmente, o Ipad se misturaram aos móveis da minha casa. E da minha vida.

Mais do que as máquinas, porém, foi sua performance no palco, ilustrada por um incrível Keynote, que me fascinou. Estudei, me atentei e explorei o programa de apresentação até onde meu conhecimento rasteiro permitiu. Difícil encerrar uma das muitas palestras sobre comunicação – foram 150 em três anos – sem que alguém da audiência não me venha cumprimentar pelas telas e recursos que aplico. Retribuo com um agradecimento envergonhado. Sei que boa parte daquele sucesso se deve a Jobs.

Consumi cada novo livro que o citava, cada página de revista que trazia informações sobre ele. Considero-me relativamente informado sobre o homem que liderou uma das empresas mais revolucionárias do mundo a ponto de não me iludir com as fantasias e mitos que surgiram em torno dele. Nada me tirou, porém, a paixão por sua obra e criatividade. A arte de Steve Jobs é a inovação e isto nos marcará para todo e sempre.

Avalanche Tricolor: Steve Jobs, o Imortal

 

Grêmio 1 x 0 Santos
Brasileiro – Olímpico Monumental

Vibrava com as jogadas de um time que se transformou neste campeonato; vibrava ao ver Douglas jogar como um guerreiro, do que jamais imaginei lhe chamar um dia; assim como vibrava com os dribles de Escudero e as descidas alucinadas de nossos laterais; quando um torpedo aterrissou em meu celular com a não inesperada notícia da morte de Steve Jobs.

Nasci no jornalismo, em 1984, quando o mentor da Apple trazia ao mundo o Mac II, que tinha como grande façanha permitir o acesso dos cidadãos comuns a um mundo até então reservado aos nerds. Mas apenas fui descobrir as coisas fantásticas que ele e sua equipe criaram muitos anos depois ao comprar o primeiro PowerBook, na virada do século. Rapidamente me apaixonei pela praticidade e criatividade das máquinas e da marca. Airbook, MacBook, IMac, Ipod, Iphone, Itouch e, finalmente, o Ipad se misturaram aos móveis da minha casa. E da minha vida. Consumi cada novo livro que citava Jobs, cada página de revista que trazia informações sobre ele. Considero-me relativamente informado sobre o homem que liderou uma das empresas mais revolucionárias do mundo a ponto de não me iludir com as fantasias e mitos que surgiram em torno dele. Nada me tirou, porém, a paixão por sua obra e criatividade. A arte de Steve Jobs é a inovação e isto nos marcará para todo e sempre.

O ritmo alucinado do Grêmio na tela da televisão, porém, arrancou a tristeza que me abatia. E sem perceber estava novamente ligado pelas emoções do futebol fascinante que o time impôs no estádio Olímpico. Voltei a vibrar e socar o ar quando a vitória de realizou.

Grêmio, só tu pra me fazer sorrir nesta noite em que lamento a morte de um dos grandes gênios que já passaram entre nós.

Pensando bem, Steve Jobs é como o Grêmio, um Imortal.

“iPad, um superbrinquedinho divertido”, diz produtor musical

 

Logo que o iPad chegou às minhas mãos, escrevi post neste blog receoso de estar dizendo bobagens sobre o novo gadget da Apple, afinal sou apenas um jornalista que gosto de mexer nestas traquitanas, mas que entendo muito pouco de tudo.  O resultado não foi ruim, pois recebi o apoio de alguns amigos na área de comentários e os que não gostaram tiveram a sensibilidade de não registrar a bronca (ou não me deram a oportunidade de ouvir o outro lado).

Na leitura da última edição da Mac Mais (#055), gostei da conversa do editor Sérgio Miranda com o produtor musical Sérgio Rezende. Ele conta como migrou para o mundo digital através dos equipamentos criados por Steve Jobs e em um trecho da entrevista falou sobre o iPad.

Achei interessante a resposta de Sérgio Rezende, pois em parte combina com o que pensava dessa máquina logo que comecei a usá-la. Destaco, ainda, o alerta que faz para o tempo que dedicamos à tecnologia em detrimento da criação:

Você  têm um iPad? O que mudou para você com o Ipad?

Olham, eu comprei por consumismo [risos]. Ele, para mim, não servia para nada. Perguntaram-me porque eu ia compra um, e eu dizia que era porque eu queria ter, embora achasse que não serviria para nada. Mas ele é um superbrinquedinho divertido. Como algo útil, não está me trazendo retorno algum. Eu gosto é de brincar com ele. Quando eu colocar um chip, talvez ele tenha mais utilidade. Para mim, se preciso acessar internet em qualquer lugar, o Iphone segura a onda. E em uma reunião de produção, é muito mais fácil levar o MAcBook. Se preciso de uma música, alguém me manda e eu aperto o Play, bem mais simples de fazer no Mac. No iPad, o processo não é tão fácil. Mas eu adoto o iPad, acho-o o máximo. Para ler livros, é ótimo ! Estou muito confiante no futuro dele.

Ele vai substituir o laptop?

Acho que mais adiante, sim. Para que vamos levar um notebook para todo o lugar? Todo músico é igaul: pega um teclado USB pequeno, um microfone, um fone de ouvido e coloca tudo na mochila para passar o final de semana na praia. E montar tudo isso dá uma preguiça danada [risos] Resultado: não usa. E você começa a pensar “não vou pegar tudo isso, vou descansar”. O neotebook é igual, Mas o iPad pode ser diferente, acho que ele pode ser útil, mas não agora [risos]

O que você acha que alguém como John Lennon faria se tivesse a tecnologia de hoje?

Penso que se o Lennon, ou qualquer outro cara desses, tivesse um Mac, não teria composto a metade do que fez, porque ficaria o resto do tempo atualizando software. [risos]

Leia a entrevista completa na Mac Mais

Hoje, convivo com meu iPad de casa para o carro, do carro para a redação, da redação para o estúdio e no estúdio uso com frequência durante o CBN SP. Mesmo assim, ainda o considero um ‘brinquedo legal’ e não essencial. Mas um dia será.

Por uma assistência técnica digna da Apple – II

 

apple-logoVocê sabia que existe um recall para trocar a dobradiça do MacBook Air ? Eu não. E ao menos três assistências técnicas autorizadas pela Apple também não. E pela “desinformação” renderia a estas algo em torno de R$ 1.400,00 para cada peça trocada. O incrível é que foi uma loja não-autorizada, na rua dos Gusmões, região da popular Santa Ifigênia, centro de São Paulo, que preferiu ser honesta, abrir mão do serviço e informar o consumidor do direito que tinha.

A má qualidade da assistência Apple, no Brasil, já foi motivo de comentário neste blog (leia aqui) quando tive dificuldades sérias para resolver – e não resolvi – problemas técnicos em dois dos meus Mac. Volto ao tema após ouvir a história de desrespeito com o consumidor contada pela companheira de domingo Maria Lucia Solla.

A dobradiça do MacBookAir quebrou após dois anos de uso. Procurou uma autorizada e se assustou com o orçamento. Soube da MacLemon, na Santa Ifigênia, e, após confirmar que o conserto sairia caro, foi informada da suspeita de que haveria um recall para esta peça. Telefonou para mais duas autorizadas e perguntou sobre o direito dela trocar a peça. Uma delas chegou a dizer que escreveria para a Apple para se informar melhor. Dias depois o funcionário da assistência técnica retornou a ligação para dizer que a Apple negara a existência do recall. Apenas na quarta prestadora de serviço, na qual também precisou lembrar de seu direito de consumidora, é que conseguiu a troca.

Desrespeito, desinformação ou má-fé. Não sei bem como enquadrar este comportamento das autorizadas. Mas está mais do que na hora de a Apple se preocupar com este tema, principalmente no momento em que volta suas atenções para o Brasil. Ou acabarei acreditando de que para a empresa de Steve Jobs somos consumidores de segunda categoria.