Canto da Cátia: Prédio desaba em São Bernardo

 

Prédio desaba em São Bernardo

 

O que está acontecendo com os prédios no Brasil? A pergunta voltou a se repetir desde que na noite de segunda-feira despencou parte de um prédio na área central de São Bernardo do Campo, região do ABC Paulista. Há pouco mais de uma semana, a tragédia foi no Rio de Janeiro, com três edifícios se transformando em entulho e pó e soterrando uma quantidade enorme de pessoas. A repórter Cátia Toffoletto que acompanhou o trabalho de resgate do Corpo de Bombeiros conversou com o prefeito de São Bernardo, Luis Marinho, que se antecipou às críticas de que há falta de fiscalização do setor público dizendo que a documentação do prédio estava em dia. Perícia técnica e investigação serão feitas nos dois casos para que se tenha ideia de quem é o responsável pelos acidentes, mas, historicamente, aqui no Brasil, sabe-se que boa parte destes dramas poderia ser evitada se houvesse trabalho preventivo e responsabilidade do cidadão e das autoridades. Infelizmente, o jeitinho brasileiro, sempre alardeado como sendo uma habilidade para saírmos de situações complexas, tem se transformado em um desastre para nossa sociedade.

 

Para ver mais imagens do desabamento em São Bernardo, feitas pela repórter Cátia Toffoletto, visite nosso site no Flickr, clicando na foto acima.

“O Estrangeiro” vai resistir a renovação do Anhangabau

 

Estrangeiro

Por Marcos Paulo Dias
jornalista e ouvinte-internauta

Acabei de ler a informação publicada no Diário Oficial do Município de São Paulo, de 08/04/2011, que o prédio do Sindicato dos Comerciários na Rua Formosa , Vale do Anhagabau, foi desapropriado e será demolido pela Prefeitura. Na lateral deste prédio há um personagem batizado “O Estrangeiro” que parece estar só e perdido. É um grafite gigante, pintado pela dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos.

O prédio começa a ser demolido neste mês, manualmente, como o foram o São Vito e o Mercúrio. Desconstrução que pode levar até três meses e não deve oferecer risco aos prédios tombados nas proximidades. O objetivo da prefeitura fazer ali o Complexo Praça das Artes, com mais de 28,5 mil m², conjunto de espaços culturais ligados por um boulevar, oferecendo novo visual ao Vale do Anhagabaú.

De imediato veio na memória, o registro que fiz no ano passado do personagem criado e pintado pelos Gêmeos. Segundo informação publicada no Diário Oficial, a prefeitura pretende manter a fachada do prédio onde funcionava o antigo Cine Cairo, edifício vizinho. A opção da prefeitura em manter a fachada do prédio onde foi o cine, embora ele não seja tombado, foi por conta da importância dele para cidade.

De céu e sol aprisionados

 

Por Maria Lucia Solla

Ouça “De aprisionados” na voz e sonorizado pela autora

Senhor Prefeito,

é com o respeito de quem não tem a mínima ideia de como se administra uma cidade inteira, particularmente uma cidade como São Paulo, que venho tomar do seu tempo uns minutos para fazer uma pergunta que tem perturbado muita gente.

Preciso saber como é que o senhor faz para decidir se um prédio pode ser erguido numa região, ou se não pode. Toda edificação precisa da permissão dos administradores da cidade, certo? Seja ela uma padaria, banca de jornal, casa, edifício ou condomínio.

Pois bem, na verdade, quero saber quais são os critérios que determinam autorização ou rejeição ao pedido de construção. Essa é a minha pergunta, mas sinto que devo dar ao senhor ao menos um motivo pelo qual a estou fazendo.

Em 2001 escolhi o bairro onde moro desde então, e vou lhe dizer quais foram os meus critérios: a área tinha muito verde, poucos prédios, casas, três boas padarias e três acessos de entrada e de saída para outros bairros da cidade. Ando de carro, não uso o transporte público, portanto, era muito importante me certificar de que eu poderia me deslocar com relativa facilidade. Nessa época, ainda não tínhamos a ponte estaiada.

Dois anos depois, uma ciranda de prédios começou a cercar o meu, os outros, e as casas. Altos e truculentos. Famintos, engoliram famílias que também escolheram este bairro pelas vias dos critérios delas. Outros dois anos se passaram e os prédios continuaram a se multiplicar, feito praga, sem planejamento, uns se metendo na frente dos outros, sem o mínimo respeito, como fazem os humanos. Temos hoje, em vez de três, seis excelentes padarias, mas onde era possível sentar, no final de semana para um café da manhã relaxado, na companhia de um bom jornal ou de amigos, a gente enfrenta fila.

Mais quatro anos se passaram e hoje é quase impossível circular dentro do bairro. Tem fila para sair da garagem e entrar na outra fila nervosa que desde o nascer do sol serpenteia desordenada, regendo um coro desafinado de buzina. Olho em volta e o que vejo? Vejo muitos outros prédios em construção. Bate estaca daqui, bate estaca de lá; é a paisagem e a melodia que nos restam. Lembrando que esses prédios engolirão mais e mais famílias que vão trazer seus carros e esperam entrar e sair da região, como quem já está aqui.

Sei que esse desconforto não é privilégio deste bairro, mas se o senhor disser quais são os ditos critérios – que imagino envolvam o número de habitantes da região, as artérias que bombeiam gente que vai e que vem, capacidade de esgoto, transporte público, água, gás – a gente pode tentar se conformar, se for isso o que o senhor espera de nós. Se o senhor, mexendo na papelada, encontrar desmandos nas pastas, que tal acabar com eles e se transformar no nosso prefeito-herói?

Vou parando por aqui para não tomar o seu tempo. Há que administrar, eu sei. Agradeço por sua atenção ao meu relato e aguardo, ansiosa, pela resposta.

Atenciosamente,

Maria Lucia Solla

PS: Moro na Vila Andrade, também chamada de Panamby, Jardim Sul ou Morumbi.

Maria Lucia Solla é terapueta, professora de língua estrangeira, promove curso de comunicação e expressão e, aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung

Clique aqui e veja álbum sobre ocupação do bairro por prédios

Kobra desenha São Paulo de 1925

 

A São Paulo de 1925 será retratada na fachada de um dos prédios da avenida Tiradentes em mais um trabalho do artista plástico Eduardo Kobra. A curiosidade do desenho que ocupará as duas laterais do Senac, na região central, é que pela primeira vez ele e equipe farão um painel em um espaço vertical. Durante todo o dia, estarão trabalhando a 40 metros de altura. Na série ‘Muro da Memória’, Kobra vai usar o espaço para reproduzir cena da rua Direita e do Viaduto do Chá. A ideia é entregar o trabalho até o dia 25 de janeiro, quando a capital paulista completará 457 anos.

Lixão de luxo é desrepeito com cidade

 

Lixão de luxo

Acostumado a ver imagens de ruas da periferia paulistana tomada pelo entulho, há quem erroneamente culpe o cidadão pobre e de baixa escolaridade pela sujeira. Nos comentários abertos neste blog, lê-se críticas que soam preconceituosas quando fazem esta relação de causa e efeito. A estes convido que prestem atenção na imagem que ilustra este post. Foi feita nessa quinta-feira, dia 30.12, diante de prédio luxuoso na avenida Dona Helena Pereira de Morais, bem próximo do Parque Burle Max, encravado no rico bairro do Panamby, na zona sul.

O fotógrafo (eu), é verdade, não flagrou a imagem por completo, pois passava de carro pelo local e não havia como parar em busca de um ângulo melhor. Sinceramente, creio que não é preciso muito mais para mostrar a quantidade de lixo descartado pelos moradores do prédio a espera da empresa responsável pela limpeza pública que iria recolhê-lo ao fim do dia.

Esta mesma situação pode ser encontrada em vários outros prédios da região em calçadas que muitas vezes são ocupadas por famílias inteiras que catam na sujeira material que pode ser vendido em centrais de reciclagem.

Isto é para mostrar, também, que o mau comportamento e os hábitos inconvenientes na relação com o material descartado não estão relacionados a classe social e condição financeira, mas a falta de consciência cidadã que impera na sociedade. Problema que poderia ser evitado se houvesse política pública séria de coleta seletiva, na maior cidade brasileira.

Morumbi para muitos e para poucos

 

É Morumbi: Casa de Vidro, Oscar Americano e Praça Vinicius de Morais


Por Carlos Magno Gibrail

Muitos têm destacado Paraisópolis e sua imensidão; o estádio possível de abrir a Copa e as controvérsias com a FIFA, o SPFC e os moradores; o monotrilho; a explosão imobiliária vertical; a discussão em torno da possível saída da sede do Governo Estadual do Palácio dos Bandeirantes; as festas em casas de aluguel temporário e também a criminalidade.

Poucos sabem ou fingem ignorar os benefícios advindos das características urbanas e florestais da região. Uma invejável área onde as construções estritamente horizontais e arborizadas propiciam uma qualidade de vida exemplar. Bom para os moradores e benéfico para toda a cidade.

É um balanço desfavorável, mas ainda assim a notoriedade da marca Morumbi não só permanece como potencializa acontecimentos negativos sem a contra partida dos positivos.

Em 2010 ocorre uma concentração de ameaças às qualidades do bairro. Prefeitura e Estado se esmeraram em colocar na berlinda os encantos da área Oeste (ou Sul?) do município. Além dos políticos eleitoreiros e das construtoras.

Estas fazem parte dos poucos que conhecem as vantagens e fizeram com os 8mil apartamentos comercializados nos 3 últimos anos o maior crescimento da cidade. Não ignoraram inclusive a renda média familiar de 14mil reais, como também não ignoram que a predominância de casas e mansões residenciais ainda existentes será em breve transformada. Exatamente pela verticalização que tanto explora as características originais de casas e mansões para vender apartamentos.

Esta preocupante tendência começa a tomar corpo quando a imprensa propõe matéria sobre o que há de melhor no Morumbi e, ao destacar o crescimento vertical esquece-se da Fundação Oscar Americano, da Casa de Vidro, da Casa da Fazenda, da Praça Vinicius de Moraes, mas destaca Paraisópolis com seus 74% de moradores que trabalham ali mesmo, e os apartamentos que invadiram e invadirão o bairro. É só conferir nas bancas a Veja SP.

Entretanto, o Morumbi poderá ter mais sossego, na contribuição aleatória de Andrés Sanchez, levando para Itaquera a abertura da Copa e a VEJA SP informando a Goldman e Kassab que 74% de Paraisópolis não precisam do monotrilho.

Uma sorte e tanta, pelas mãos do inimigo declarado e da rala matéria sobre tão nobre bairro.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve toda quarta no Blog do Mílton Jung

Hackers trabalham com moradores de rua e imóveis vazios

 

Na semana em que cinco prédios abandonados foram invadidos por integrantes de movimentos sociais, São Paulo será cenário de encontro de hackers que vão se debruçar sobre o problema da falta de moradia na maior cidade do País. Os vazios urbanos e os moradores de rua serão tema da edição 2010 do Transparência HackDay, encontro de dezenas de especialistas e admiradores da tecnologia digital. no domingo, dia 10.

A intenção é desenvolver ferramentas que permitam mapear os espaços e imóveis que não cumprem sua função social e o local onde se concentram moradores de rua, na capital. Com o levantamento da oferta e demanda de moradia, os participantes entendem que se torna mais eficiente o desenvolvimento de políticas públicas para a questão da moradia.

O encontro dos hackers, designers, blogueiros, jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e mais um mundo de gente interessante e interessada, será na Casa de Cultura Digital, na rua Vitorino Carmilo, 459, em Santa Cecília, São Paulo, das duas da tarde às oito da noite.

Para se inscrever basta preencher o formulário que você encontra aqui.

A foto a seguir é de um dos prédios na avenida Ipiranga ocupados pelo Movimento dos Sem Teto do Centro e foi feita pelo colaborador do Blog, Sérgio Mendes

 

Prédio invadido

Atenção senhores moradores, voo chegando

 

Prédio na cabeceira de Congonhas

Esta é a imagem que o piloto tem ao se aproximar para o pouso na cabeceira 35 do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, pelos lados do bairro do Jabaquara. O ouvinte-internauta Armando Italo, nosso colaborador, chama atenção para o prédio que aparece no meio do caminho. Lembrou-se do fato ao ouvir entrevista com o comandante Carlos Camacho, diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, ao Jornal da CBN, na qual falou sobre os riscos nas operações em Congonhas. Disse, por exemplo, que é perigoso descer no aeroporto da capital, principalmente com chuva e à noite, pois não há área de escape suficiente.

Armando gostaria de saber quem permitiu a construção do prédio neste local.

A entrevista do comandante Carlos Camacho você acompanha aqui.

Minhocão, observando e sendo observado

 

“Milhares de veículos passam todos os dias pelo Elevado Costa e Silva, o Minhocão de São Paulo. Nesta pressa absurda imposta pela metrópole, os motoristas jamais percebem o que ocorre logo ao lado, às vezes a centímetros dali onde famílias vivem a observar os carros cruzando o seu quintal”

Foi com este olhar, que o colaborador do Blog do Mílton Jung, Luis Fernando Gallo, identificou detalhes do cotidiano no Minhocão, em uma noite de sábado e um amanhecer de domingo, quando o elevado é ocupado pelo pedestre.