Pequenos empreendedores dominam o e-commerce no Brasil

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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Mercadão de São Paulo está no e-commerce, foto de Luis F Gallo/FlickrCBNSP

Pesquisa SEBRAE e E-Commerce Brasil* indica que 90% do comércio eletrônico brasileiro estão sendo realizados por pequenas empresas. Empreendimentos com vendas de até R$ 3,6 milhões anuais. Um mercado cuja previsão de faturamento para este ano é de R$ 52 bilhões, atingindo  crescimento de 8% sobre 2015, enquanto o PIB deverá retroceder 3,3%.

 

A base da pesquisa considerou a seguinte estruturação dos negócios:
Somente e-commerce 15%
Loja física e e-commerce 13%
Pretendem abrir e-commerce 12%
Somente loja física 31%
Nenhuma das anteriores 28%

 

Dentro desta base 53% correspondem a E-commerce puro e 47% a loja física e e-commerce.

 

Em princípio, o tamanho do mercado real e potencial não condiz com a pouca participação das grandes empresas. As poucas que atuam apresentam os melhores desempenhos.

 

A taxa de conversão é de 2% para as grandes e 1,5% para as pequenas. Enquanto 51% das pequenas tem lucro e para as grandes são 80%.

 

Ao mesmo tempo o comércio eletrônico tem evoluído apresentando índices menores de trocas e apontando ações de melhoria competitiva focadas em mix de produtos, atendimento, preço, entrega e acessibilidade. Exigências que a escala maior poderia apresentar vantagem.

 

Dentro deste princípio, a SOKS, criou uma plataforma para atender em 2D e 3D as lojas do Mercado Municipal de São Paulo, que servisse de modelo para grandes corporações.

 

Hoje estão no ar o Don Mercatto, o Shopping Piratas, o Shopping TV Record, e em desenvolvimento o Shopping TV Cultura. Esta tecnologia possibilita infinitas formas de comunicação e vendas, incluindo licenciamento de produtos inerentes a programas e artistas.

 

A trajetória da SOKS, segundo seu fundador e CEO, Antonio Mesquita, contabiliza R$ 43 milhões investidos, e sete anos de trabalho contatando empreendedores de Shopping Centers e de Comunicação para convencê-los desta oportunidade que a pesquisa SEBRAE evidencia. Embora com uma modesta taxa de conversão tendo em vista a efetiva taxa potencial de sucesso.

 

Mesquita, sem esmorecer, atenta também para o setor público ao propor a gestão tecnológica comercial do Mercado Municipal de São Paulo. Licenciar a marca do Mercado e todas que ali operam, vender tudo para todos e remunerar a Prefeitura.
Um avanço

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

 

*Pesquisa SEBRAE/E-Commerce Brasil
Pesquisa quantitativa, 2781entrevistados em junho de 2016, obedecendo ao código de ética ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, e ICC/ESOMAR Code on Marketing and Social Research

O melhor caminho para franqueadores

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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O Brasil com 2.942 marcas franqueadoras é o quarto mercado de franquias do mundo. Atrás apenas da China (4.000), Estados Unidos (3.828) e Coreia do Sul (3691).

 

Ao lado do respeitável tamanho, empregando diretamente 1,2 milhão de pessoas, faturando R$139 bilhões ano, o caso brasileiro tende à maturidade, pois as redes têm crescido 4,5% enquanto as unidades franqueadas aumentaram 10%.

 

Nesse contexto, encontramos franqueados experientes que estão sabendo usar o conhecimento adquirido na ampliação das respectivas operações. O fazem de forma horizontal e, para tanto, escolhendo outras marcas e segmentos, preservando a região de atuação e usando seus pontos fortes.

 

Entretanto, segundo Carla Bruno da “Be Creative Consultoria”, o crescimento do franchising ao lado do sucesso inegável trouxe também uma burocracia que envelhece e encarece os seus agentes como as grandes consultorias, os departamentos de expansão das marcas, as entidades representativas e os meios de comunicação tradicionais.

 

Propõe, então, buscar os franqueados de sucesso diretamente. Um trabalho de “procurar agulha no palheiro” utilizando os shoppings, os corretores de shoppings, os consultores de campo e um portfólio de comunicação com as mídias sociais, Google, e assessorias de imprensa.

 

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Valter Matheus, de São Paulo, é um franqueado típico deste formato. Há seis anos, começou com uma franquia da Chilli Beans. Hoje, possui cinco lojas e três quiosques da marca. Agregou ao negócio, três unidades da Kings Sneakers, franquia de moda jovem. Posteriormente, com a experiência adquirida lançou a Âmbito, marca própria de moda feminina, com vendas também pela internet. Com o irmão e dois filhos, toca atentamente suas lojas, que, segundo ele, devem o sucesso à administração e finanças bem cuidadas e a expertise de estar sempre no ponto de venda na dose certa. Visitas frequentes e assíduas.

 

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Roberto Natan, de Angra dos Reis, toca uma rede de 22 farmácias Drogatur da família, fundada há 22 anos, e duas franquias da Mr. Cat. no sul-fluminense. Procura ainda outra franquia para diversificar seu mix de negócio, ganhando escala na administração das operações.

 

A multimarcas no franchising sempre foi uma opção que agora, com a evolução do mercado, é uma solução para a melhoria do negócio dos empreendedores mais agressivos.

 

A Folha de SP escreveu sobre o tema nesta semana em reportagem com o título “Cresce procura por empreendedores multimarcas no país”

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Roupa usada: bom para comprar, bom para vender

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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O mercado de roupas usadas, ainda que guarde esporádicas conotações vintage, ou a antiquada denominação de brechó, e algum preconceito, é um segmento da moda em expansão com imenso potencial futuro.

 

Os aspectos econômico, sociológico e ecológico inerentes ao sistema de reuso das roupas e acessórios de vestuário são altamente positivos.

 

A evolução do sistema da moda no segmento de luxo tende a enriquecer mais e mais os produtos, tornando-os mais caros e acessíveis apenas aos mais ricos. Logo abaixo deste mercado, as marcas Premium seguem o mesmo processo de atualização e sofisticação. Ao mesmo tempo o fast-fashion desatualiza mais rapidamente os produtos.

 

Em todos os segmentos, o aproveitamento da roupa usada, que rapidamente fica fora de moda gera um fator positivo na cadeia econômica, social e ecológica.

 

O caminho reverso da cadeia produtiva já foi iniciado por vários setores como pneus, lâmpadas e eletrônicos.

 

No caso da moda, alguns países mais desenvolvidos já despertaram e observaram o gigantismo deste mercado.

 

No Brasil, os números ainda não são expressivos, mas a evolução e a variedade de especializações apresentam uma estrutura completa. Lojas físicas, virtuais, de luxo, Premium, fast fashion, masculinas, femininas, infantis, plus size. Lojas com conceito vintage, brechó e contemporâneo. Há de tudo.

 

Há cinco anos, a advogada Angela Machado, reunida com 15 amigas para trocas de produtos que não usavam mais, um hábito de rotina para elas, ficou com uma peça Jimmy Choo sobrando e não tinha mais nada para trocar. Uma amiga que a desejava resolveu comprar por 50% do preço original. Daí em diante decidiu montar a “Madame Recicla” com os mil artigos cedidos pelas mesmas 15 amigas.

 

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Já a Denise Pini, graduada em Letras pela USP e apaixonada por moda, abandonou a carreira inicial, fez curso na FAAP de moda e fundou, em 1991, a “Capricho à toa”. Hoje o filho se prepara em pós-graduação para levar a loja física para a internet. Espera repetir o sucesso, obtido pela relevância que deu à moda no trato da operação, pela aposta em equipe preparada tecnicamente e pelo “pulo do gato” ao pagar à vista. Acrescenta ainda sua decisão de aumentar as compras ao iniciar a crise.

 

A administradora Cátia Freire por sua vez, criou há 20 anos a “Grifes Stock” onde vende ao lado de Prada, Chanel, Gucci e Dior, Animale, Ellus, Daslu, etc. Tudo seminovo com descontos de 40% no mínimo.

 

A opinião nestes 50 anos que Angela, Denise e Cátia somam de experiência é que suas clientes ficam felizes em vender e comprar, num mercado em que a divulgação ainda é pequena e o preconceito poderia ser menor.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Tá na hora da DR: entre marcas e consumidores

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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As marcas deveriam melhorar as relações com seus consumidores. É o que nos informa a agência Edelman Significa através da Earned Brand 2016. Pesquisa realizada em 13 países com 13 mil entrevistados, na qual se considerou como fatores de relacionamento a indiferença, o interesse, o envolvimento, a dedicação e o comprometimento dos consumidores. E, nesta ordem, numa escala de 0 a 100 pontos, o índice global foi de 38. Indiferença 0 a 6, interesse 7 a 26, envolvimento 27 a 43, dedicação 44 a 69, comprometimento 70 a 100.

 

Considerando que o máximo da relação é o seu último fator, o comprometimento, pode-se afirmar que 70 pontos deverá ser a meta das marcas. É o estágio em que os consumidores preferem, compram, mantêm-se leais, advogam a favor e defendem a empresa, produto ou serviço.

 

Eis a pontuação:

 

China – 53.

 

Índia – 52

 

Brasil – 43

 

Estados Unidos – 40

 

México, Cingapura – 39

 

Alemanha – 34

 

Reino Unido – 33

 

Canadá, França, Japão, Austrália – 32

 

Holanda – 30

 

O Brasil apresenta posição de destaque pois obtivemos 43 pontos enquanto o índice global é de 38 . Temos consumidores interessados e envolvidos. Estamos atrás da Índia e China, onde há a maior pontuação.

 

Em nosso contexto os segmentos melhor avaliados foram as mídias sociais, moda e vestuário, automóveis e artigos de luxo.

 

Analisando o resultado geral da pesquisa sob o aspecto dos consumidores, observa-se que os países mais desenvolvidos tendem a notas mais baixas.

 

Entretanto, focando a análise sobre o que as marcas estão oferecendo, a pouca relação dos consumidores pode ser explicada por sistemas impessoais e cada vez mais automatizada.

 

Cabe aqui a conexão com o estudo da SONNE consultoria que apresentou análise de empresas internacionais que não deram certo no mercado brasileiro. Tema que abordamos neste Blog em cinco de julho.

 

Marcas como Kate Spada, Gant, Topshop, Gap e Forever 21 não suportaram a burocracia e os impostos, e ao mesmo tempo não atenderam às exigências do consumidor brasileiro. Tais como atendimento e prazo de pagamento longo.

 

Máquinas de compra e autoatendimento com certeza não é a melhor forma de atrair clientes envolvidos e comprometidos.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Franchising exige nova estratégia para crescer no comércio eletrônico

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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O Brasil é o quarto mercado de franchising do mundo com 3.000 franqueadores, 140 mil unidades franqueadas e faturamento de 140 bilhões de reais (2015), proporcionando 1,2 milhão de empregos diretos. O setor de franchising cresceu 8,5% em vendas e em número de unidades. Foram abertas 15% e fechadas 4,4%.

 

O e-commerce brasileiro foi movimentado por 66 milhões de consumidores que compraram 52 bilhões de reais (2015). Volume 15% superior ao do ano anterior.
Franquias e comércio eletrônico são áreas de sucesso no Brasil.

 

As previsões apontam para a continuidade desse processo de crescimento. A realidade é que o e-commerce tende a crescer indefinidamente, pois dos 66 milhões de usuários, 30% vieram de celulares e 20% compraram em market places. Fontes que facilitarão cada vez mais o acesso e o sucesso. Ainda assim os números poderão ser maiores se o processo de integração total com as lojas físicas for realizado.

 

Para isso é preciso romper a barreira que ainda existe com alguns agentes no mundo físico quanto ao papel do e-commerce.

 

No caso do franchising, a presença do franqueado ainda agrava a desconexão. Além do bloqueio conceitual pela carência de visão estratégica entre franqueadores e franqueados, falta a introdução de um sistema que possa integrá-los definitivamente. Alguns especialistas têm sugerido medidas periféricas, tais como usar a loja física do franqueado para trocas e serviços, ou o franqueador ceder ao franqueado o cadastro dos clientes eletrônicos para que possa oferecer serviços e convites de visitação à loja física.

 

A solução definitiva vem da tecnologia dos sistemas atuais que permite identificar as regiões dos consumidores eletrônicos. Com isso, se poderá comissionar os franqueados que trouxerem novos clientes. Nessa integração, os franqueados passarão a interagir como agentes plenos do omni-channel, gerenciados pelos franqueadores, que poderão motivá-los com “n” alternativas de participação.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Extensão de marca e a pesquisa IBOPE no varejo

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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As empresas quando se encontram em situação intensa de sucesso ou de insucesso, tendem a procurar formas de aumento de mercado.

 

Como se sabe o crescimento dos negócios das empresas pode se dar por categoria, quando a ampliação é feita através de produtos diferentes. Ou por público alvo diferente.

 

A questão maior que se apresenta é criar uma segunda marca ou estender a atual.

 

Em boa parte a opção usada é manter a marca já existente. Os resultados apontam mais erros do que acertos, e há autores como Al Ries, que atribui a extensão de marca como a responsável pela ausência das marcas asiáticas na liderança dos mercados. Afinal, são eles os maiores usuários do expediente da marca única para diversos produtos de diferentes públicos alvo e categorias.

 

É inegável que o posicionamento único de uma só marca é mais sólido e perene. OMO é sabão em pó, GILLETTE é lâmina de barbear ou “gilete”, Xerox é cópia, Harley Davison é motocicleta. Mas, ao lado desta simplificação positiva há outros casos em que a extensão tem apresentado sucesso.

 

A recente pesquisa IBOPE que abordamos anteriormente, nos dá uma informação sobre as marcas únicas e as estendidas.

 

A Le Lis Blanc, a marca melhor avaliada da pesquisa, expandiu com produtos de decoração dentro do guarda-chuva Le Lis Blanc e criou para o masculino a Noir. Conseguiu manter a liderança na moda feminina classe A.

 

A Richards apresenta um raro desempenho de extensão de marca, com a liderança na moda masculina e no calçado masculino classe A.

 

Torra Torra no vestuário feminino e artigos infantis , e Impecável no vestuário masculino e calçados masculinos, ambas na classe C também conseguem os primeiros lugares em categorias diferentes.

 

Ao lado dos casos favoráveis de extensão de marcas, a pesquisa IBOPE mostra marcas únicas liderando: Schutz, Bayard, PUC, Mundo dos Enxovais, Mercatto, Seller, Narciso Enxovais.

 

Este quadro leva a concluir, que criar marca nova para atender novos públicos alvos ou novas categorias de produtos, é a opção mais segura, que, entretanto não invalida a extensão de marca.

 

Leia ainda: “O IBOPE das marcas”

 

Leia, também:  “Varejo internacional: fracasso e oportunidade”

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

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Varejo internacional no Brasil: fracasso e oportunidade

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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As grandes marcas do varejo mundial de moda não passam por um momento de sucesso no mercado brasileiro.

 

A consultoria SONNE Consultoria apresenta estudo sobre as principais operações internacionais e seus desempenhos, em reportagem publicada no Blog “O negócio do varejo”:

 

C& A, desde 1976, hoje baixa os preços e anuncia fechamento de 12 lojas.
Zara, que começou em 2000, oferece produtos para as classes A e B, enquanto no exterior atende B e C.

 

Kate Spada ficou 5 anos e fechou as 8 lojas.

 

Gant começou em 2008 e findou em 2014. Planejava abrir 20 unidades.

 

Topshop abriu sua primeira loja em 2012 e com problemas de custo de ocupação saiu em janeiro deste ano fechando as 3 unidades.

 

Gap veio em 2013 tendo o Gep (Cori e Luigi Bertolli) como máster franqueado. Está em Recuperação Judicial culpando o alto custo da importação.

 

Forever 21 chegou em 2014 e, hoje, se especula que apresenta baixa rentabilidade.

 

H & M abriu empresa em São Paulo, em 2014, e desistiu alegando altos custos de instalação, manutenção e importação.

 

A Sonne Consultoria, através de seu diretor Maximiliano Bavaresco, afirma que o ambiente no Brasil dificulta a operação do grande varejo:

 

“esses modelos de negócios dependem de uma cadeia de produção e de um sistema de logísticas muito eficientes, com capacidade de entrega e adaptação a mudanças na demanda que não temos”.

 

“Se optam pela importação o problema é maior, pelo câmbio, pelas tarifas e pela burocracia”.

 

Acredito que falta uma questão: será que além de neutralizar os entraves apontados, operacionais e burocráticos, essas empresas não deveriam se adaptar ao consumidor brasileiro?

 

O português José Neves, CEO da Farfetch, um e-commerce de sucesso global, entrevistado por Jorge Grinberg no mesmo blog afirma:

 

“O comportamento do consumidor brasileiro é muito distinto, aqui ele demanda muito mais serviços como compras parceladas, personal shoppers, entre outros”.

 

À observação de Neves, podemos acrescentar o exemplo nativo da Renner, que se transforma em varejo responsivo às demandas do consumidor atual, com sortimento, preço adequado e serviços.

 

Culpar o mercado que se quer conquistar em vez de estudá-lo certamente não é o caminho do sucesso.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Chegando aos 50, shopping terá que renascer

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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Às vésperas do cinquentenário do formato Shopping Center, o setor apresenta o pior desempenho dos últimos dez anos. Mesmo com a inclusão de 19 novos empreendimentos.

 

É um negócio de R$145 bilhões, com 893 unidades, 140 mil pontos de venda, 1,3 milhões de empregos, que recebe, mensalmente, 2,3 vezes a população brasileira, e, de forma geral, usufrui prazerosamente dos serviços e produtos ofertados.

 

O resultado ruim deste ano pode ser creditado ao momento econômico, como avaliou a ALSHOP, através do presidente, Nabil Sahyoun, citando o dólar, o crédito, a inflação, as incertezas econômicas e políticas. Ou a redução do fluxo nos Shoppings pelo Black Friday como registrou o diretor Luís Ildefonso, de Relações Institucionais.

 

Um olhar mais atemporal mostrará que, em 49 anos, as crises não afetaram o modelo dos Shoppings tão significativamente. O positivo do resultado ruim de hoje é que a diminuição de vendas está mostrando a necessidade de mudanças na estratégia da operação para se adaptar a novas demandas do mercado.

 

É o caso das lojas satélites cuja a participação no mix é de aproximadamente 70% e estão sobrecarregadas em benefício de outras áreas. Cinema, alimentação e lazer deverão absorver mais espaço e mais custos.

 

As satélites, se não forem tratadas de acordo, serão reduzidas e poderão migrar para outros canais. Um deles é a internet, mercado estimado de R$ 50 bilhões, cujas vendas tiveram acréscimo de 17,6 milhões de pedidos em relação a 2014. Nesse Natal, enquanto os Shoppings tiveram queda de 1%, a internet cresceu 26%.

 

Destino que várias cadeias de loja e algumas âncoras estão seguindo, isoladamente ou em Market Places. Enquanto se prevê abertura de mais de cem Shoppings Center para os próximos anos, a Söks, que fez a plataforma para lançar o Piratasonline, primeiro shopping a se apresentar na web, está programando a abertura de três réplicas de shopping físico para implantar online em 2016.Além disso, apenas um empreendedor está se preparando para a web.

 

Será que os Shoppings dos R$ 145 bilhões continuarão a ver a expansão das Agências de Afiliação e os novos Market Places dos R$ 50 bilhões e ficarão fora deste mercado que cresce na crise?

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.

 
 

Ao infinito e muito além do comércio eletrônico

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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As atuais Agências de Afiliação possibilitam ao e-commerce individual agregar outros tornando-se um Marketplace e ganhar comissão sobre as vendas realizadas. Na linguagem técnica são chamados de “afiliados” ou “publishers”.

 

Ao mesmo tempo, esses e-commerces também poderão ser divulgados em outros sites e Marketplaces pagando comissão pelas vendas que forem realizadas. São os “anunciantes” ou “advertisers”.

 

Esse sistema é sinérgico e democrático, pois vale não só para e-commerces e Marketplaces, mas também para blogs e redes sociais – twiter, facebook, Orkut.

 

É um avanço e tanto, pois, em 1994, quando a Amazon iniciou o seu comércio eletrônico estava isolada na web, assim como todos os outros da época.

 

Deu no que deu. A cartilha primária do varejo, que estabelece a necessidade de centros comerciais com bom mix de marcas, não foi seguida pelo “boom” inicial do e-commerce.
A maioria sucumbiu, e dos que permaneceram, boa parte se transformou em Marketplace, como a Amazon. Mais recentemente, os operadores que já tinham ou abriram lojas físicas puderam se tornar sistemas “omni-channel”, que é o formato recomendado para o sucesso.

 

Hoje, o Brasil conta com boa variedade de Marketplaces, locais onde se encontram marcas reconhecidas com produtos e serviços horizontais e verticais como Submarino, Bondfaro, Mercado Livre, Dafiti, Shop2gether, etc. Além de marcas individuais com e-commerce avançado, como Lojas Americanas, Magazine Luiza, Livraria Cultura, etc. Condição que propiciou às Agências de Afiliação um efetivo desenvolvimento. Destacam-se as nacionais Lomadee e Afilio, e a alemã Zanox, líder na Europa. Empresas que certamente mudarão o panorama do comércio com este sistema ganha-ganha, que potencializa o marketing de resultado.

 

É incerto prever os desdobramentos, mas é certo que irá mexer com o futuro do comércio em geral.

 

Sabemos que a partir da experiência do Shopping Piratas, sobre a qual já escrevemos neste Blog, outros Shoppings físicos estarão na web, e encontrarão Marketplaces com plataformas avançadas. Pode ser uma nova fase de integração. Vale a pena acompanhar.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

 

A foto que ilustra este post é do álbum de Charis Tsevis no Flickr

Uma gaúcha centenária que tem estilo, se atualiza, cresce e dá lucro

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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A Lojas Renner, mantendo o crescimento e a lucratividade do início do ano, apresentou no último trimestre faturamento de R$ 1,25 bilhão, maior em 20% ao da mesma época de 2014. O lucro líquido ficou 30% a mais. No período de nove meses a venda cresceu 21%. Um fenômeno.

 

Desde a gestão de seu fundador, Antonio Jacob Renner, iniciada em 1912, até hoje, com José Galló, é fácil detectar que a adaptação às mudanças foi realizada com estilo próprio e priorizando as pessoas como o item principal do marketing mix. Não descuidou dos demais componentes: ponto, produto, praça, processo, preço, propaganda e promoção, mas a Renner se destacou na atenção às pessoas, quer como consumidores ou funcionários.

 

Do antigo slogan: “Renner, a boa roupa, ponto a ponto” ao “Você tem estilo, a Renner tem todos”, vale repassar alguns episódios.

 

Em 1998, a J.C.Penney adquiriu o controle acionário, facilitando o acesso a fornecedores internacionais de produtos, processos e serviços.

 

Em 2002, a Whitaker International foi contratada para implantar nova abordagem de criação, baseada menos nas amarras das grandes tendências de moda, e mais no comportamento das consumidoras reais. Refletindo na criação, exposição e comunicação dos produtos.

 

Com a loja organizada por seis estilos de vida e atenção na redução do tempo de processo para estar com produtos atualizados aos desejos do consumidor, a imagem de inovação creditou um frescor importante como negócio de moda.

 

A saída da J.C.Penney e a entrada na Bolsa de Valores SP em 2005 deram um novo impulso. A atenção às pessoas foi redobrada e no ano de 2008 foi criada a OSCIP organização da sociedade civil de interesse público, que busca a inserção da mulher no mercado de trabalho.

 

A consultoria Aon Hewitt, em 2011, considerou a Renner a segunda melhor empresa em gestão de pessoas, atrás apenas da AmBev. Na pesquisa atual, os 87% de engajamento dos funcionários lhe deram o primeiro lugar, ficando 25 pontos acima da média global.

 

Mais do que estes fatos marcantes, o diferencial é o atendimento. Enquanto os concorrentes lidam com o auto-atendimento, a Renner oferece o encantamento, que boa parte dos brasileiros gosta.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

Obs. Os números foram extraídos da Istoé DINHEIRO 939.