Por Carlos Magno Gibrail
Ao abordar a propaganda infantil, o ENEM conseguiu levar um tema atual e relevante aos quase nove milhões de alunos que compareceram no domingo à sua prova, de modo didático. Exigindo do aluno apenas a técnica da redação, pois o conhecimento do assunto foi bem apresentado.
No texto I, informou que a resolução do CONANDA de abril de 2014 proibiu toda a propaganda dirigida à criança com a intenção de persuasão de consumo. Fato que gerou embate entre entidades que defendem a proibição e outras que são favoráveis à autorregulação através do CONAR.
No texto II, mostrou o panorama mundial da propaganda infantil. Canadá e Noruega proíbem. Reino Unido e Suécia proíbem personagens e parcialmente o restante da propaganda. Dinamarca, Bélgica, Itália, Irlanda e Coréia do Sul, proíbem parcialmente. A França emite alerta. Brasil, Estados Unidos e Austrália atuam com autorregulamentação.
No texto III, registrou que há correntes argumentando a favor da liberação, pretendendo com isto a formação de crianças aptas para lidar com a sociedade de consumo.
Percebemos alguns ruídos apontando críticas à escolha da dissertação em função da falta de notoriedade do tema. A repercussão, talvez por isso mesmo, foi extensa e intensa. Nas manifestações as posições foram mantidas. Alana, Milc, Rebrinc e ONGs de defesa das crianças são favoráveis ao CONANDA; a Abrinq, Maurício de Souza Produções, apoiam o CONAR.
Acreditamos que a dificuldade da prova estava menos na técnica e mais na reflexão, pois a questão entre a censura e a liberdade fica entre interesses econômicos e sociais. Portanto, o resultado destas dissertações pode conter opiniões com juízos de valores mais brandos, mas também contaminações da propaganda a que foram expostas.
Seria recomendável que o ENEM aproveitasse este material sob este aspecto comportamental. Ao mesmo tempo, poderia dar significativa contribuição semântica, e diferenciar PROPAGANDA, como a comunicação paga, da PUBLICIDADE, como a comunicação informativa. É só dar uma olhada mais apurada no Aurélio.
*pra não deixar dúvida:
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
CONANDA Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente
ALANA Instituto Alana ONG para proteção da criança
MILC Movimento da Infância Livre de Consumismo
REBRINC Rede Brasileira da Infância de Consumo
ABRINQ Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos
CONAR Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
Sem dúvida o tema é relevante e também não é novo.
Claro que, eticamente, é discutível e pode até ser considerado ilegal o modelo de persuasão utilizado pelas Agências de propaganda, pois a criança passa mais tempo a frente da TV que qualquer outro membro da família, o que cria constrangimento aos pais quando o consumo é solicitado pelo filho. Somente tenho dúvida se a proibição é solução, devido ao bombardeio de veiculações por outras fontes de mídia e de diferentes fontes.
Aliás, isto não é uma característica típica somente das crianças. Adultos sentem satisfação pela compra de impulso e a posição passiva é prevalente a todos nós.
Outro dia li uma frase real de Millôr Fernandes que descreve bem a situação: Quando começou a comprar almas, o diabo inventou a sociedade de consumo.
Rafael, a solução já não é fácil, e fica mais complicada ainda quando temos uma lei aprovada pelo CONANDA, que estabelece que as propagandas tem que se dirigir somente aos pais quando se tratar de persuasão. Enquanto o CONAR contesta a autoridade do CONANDA para legislar.
O fundamental é que tudo que se refere às crianças precisa ser tratado com o maior cuidado e competência. Sem conotações econômicas e financeiras.
O site CRIANÇA E CONSUMO, enviou uma mensagem pelo twitter sugerindo a leitura do GUIA PARA DISCUTIR PUBLICIDADE INFANTIL EM SALA DE AULA.
Recomendo a leitura para quem quiser um pouco mais de análise sobre tema tão importante:
http://criancaeconsumo.org.br/noticias/guia-para-discutir-publicidade-infantil-em-sala-de-aula/
Através do TWITTER recebi as seguintes manifestações:
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Idec @idec
Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – por consumidores…
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Criança Segura @criancasegura
ONG que trabalha na prevenção de acidentes com crianças e adolescentes…
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Instituto Alana @InstitutoAlana
Honrar a criança, o futuro que queremos começa na infância….
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