O jogo como estratégia de aprendizagem

 Por Ana Cláudia Rocha

Foto de Anastasia Shuraeva

 “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”.

 A frase costumava ser dita por Darcy Ribeiro (1922-1997), um dos principais antropólogos, sociólogos e educadores do Brasil. A declaração era uma referência aos problemas sociais e estruturais do país, que ele tanto combatia.

De lá pra cá, muita coisa mudou. Mas as velhas adversidades persistem. Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo no Brasil registrou queda de 0,5 ponto percentual entre 2019 e 2022. Apesar do resultado relativamente positivo, as discrepâncias permanecem. No Nordeste, por exemplo, estão 55,3% de todos os brasileiros com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever. O analfabetismo na região alcança 11,7% da população. Já Centro-Oeste (4%), Sul (3%) e Sudeste (2,9%) possuem taxas abaixo da média nacional.

 Os obstáculos mencionados acima passam pela falta de acesso ao ensino, de investimentos em gestão pedagógica, evasão escolar, dentre outros motivos. Sabemos que são problemas graves, enraizados, de difícil solução. Mas o Grupo Movimenta, que há mais de dez anos desenvolve conteúdos educacionais alinhados à BNCC, busca fazer o seu papel, contribuir para o desenvolvimento sócio-educacional e eliminar barreiras. Entendemos que os processos da educação não são estáticos. Acreditamos que a inovação e a diversificação de estratégias didáticas devem fazer parte desse desenvolvimento.

Seja no ensino público ou no privado, nos projetos do Grupo Movimenta estão as alternativas para uma forma mais diversificada do ato de ensinar, como é o caso do jogo como estratégia de aprendizagem. No programa MAJOG, por exemplo, estão incorporadas todas as facetas do ato de jogar, onde estão aplicadas toda dinâmica e estrutura do jogo e suas ramificações. Isso inclui a ludicidade, porque onde há jogo, há ludicidade, ainda que o objetivo final seja aprender conteúdos matemáticos.

Nesse processo, os projetos devem ser meticulosamente elaborados e descritos nas sequências didáticas para guiar passo a passo as intervenções do professor e as mediações necessárias durante o jogo para que ele seja verdadeiramente uma ferramenta de ensino-aprendizagem.

É comprovado que o jogo tem papel fundamental no desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos aprendizes. Trata-se de uma ferramenta potente que propicia a problematização dos conteúdos a serem aprendidos, convocando estratégias cognitivas para a elaboração das soluções dos problemas matemáticos a serem resolvidos em situação de interação entre os pares.

O jogo incentiva a autonomia por se instaurar através da mediação pela regra, que institui também o contexto do desenvolvimento moral.

 A arquitetura do jogo propõe que a sala de aula altere sua dinâmica a favor do trabalho coletivo, onde os próprios aprendizes atuam como informantes e se pode alcançar conquistas definitivas para a aprendizagem através da ação inteligente do pensamento, potencializando assim o desenvolvimento cognitivo.

Ana Cláudia Rocha é curadora da linha pedagógica do Grupo Movimenta, criadora de projetos como “Majog” e “A Voz e a Vez da Criança”.

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