Por Carlos Magno Gibrail
A fragilidade com que as mulheres são vistas pela nação brasileira no caso do aborto e das pensões alimentícias é flagrantemente desatualizada. Se a equiparação de fato e de direito entre homens e mulheres ainda não foi alcançada, é visível que evoluímos bastante na busca da igualdade. Tudo indica inclusive que teremos por mais quatro anos uma mulher como presidente, atestando que o sexo feminino no Brasil não precisa mais de tratamentos especiais e preconceituosos. Portanto, é chegada a hora de dar ao sexo feminino as condições adultas, deixando as decisões pessoais ao seu arbítrio na questão mais íntima da gravidez. E revendo também a função do provisionamento do lar. Afinal a mulher de hoje não tem nada a ver com aquela que foi base para a lei da pensão alimentícia.
Não é possível continuarmos a conviver com 600 mil a 700 mil mulheres criminalizadas anualmente por causa dos abortos. Tampouco prender indiscriminadamente maridos desempregados e algumas vezes idosos, por falta de pagamento de pensões alimentícias. Como sabemos a lei não discrimina sexo, mas na realidade as prisões convergem nos homens.
No aborto, uma legislação consistente irá tirar da marginalidade uma situação de alto risco, trazendo-a para controle oficial. Certamente o acompanhamento estatístico e a análise médica identificarão as resultantes. De acordo com Levitt e Dubner, autores de Freakonomics, Ceausescu proibiu o aborto quando na Romênia seu índice era de 20%, e foi vítima dos bebês nascidos indevidamente. Enquanto nos Estados Unidos a legalização do aborto foi o melhor de todos os métodos para a diminuição da criminalidade. Fato que Giuliani se beneficiou em New York.
No pagamento da pensão é irreal considerar como padrão que o marido trabalha e a esposa fica em casa. E é surreal aprisionar o devedor tirando a chance de ele trabalhar para cumprir o pagamento.
Se Dilma ou Marina dirigir o país, conforme indicam as pesquisas eleitorais, é hora de perguntar o que pensam sobre temas tão pertinentes às mulheres. Não importa crenças religiosas ou plebiscitos, o que precisamos saber é como elas encaram o tratamento que as mulheres devem ter. Qual autonomia deve ser dada ao sexo feminino, e quais as suas responsabilidades. Esperamos apenas que não façam como as do Congresso que mantiveram a pena de prisão na reformulação da lei da pensão alimentar. Puro corporativismo. Ou machismo feminista?
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
Tema complexo.
Acredito na existência de esposas e dependentes que ainda precisam da manutenção da pensão, pois persiste em boa parte do Brasil a situação de que os maridos trabalham e as esposas criam filhos. Este lado da independência feminina e seus filhos não é uma unanimidade.
Assim como não é unânime que os homens tenham consciência de que construir uma família, esposa e filhos seja responsabilidade sua também. A avaliação da necessidade da pensão deve ser avaliada pelo Juiz no momento da audiência de separação.
Executar prisão de país inocentes é aberração.
A decisão sobre aborto tem o bloqueio cultural da religião e os “bons costumes”.
A decisão tinha de ser da mulher e com consulta médica profissional, pois dela será a responsabilidade de criá-lo.
Os contrários ao aborto deveriam pensar entre um ser humano bem recebido e feliz, a um ser humano mal concebido. A vida dele também conta e ninguém vai ajudá-lo.
Educação sobre sexo também é prevenção.
Rafael, obrigado pela boa contribuição ao tema tão relevante.
Conceitos e preconceitos de lado, fica o absurdo da lógica que é colocar na cadeia que não tem dinheiro para pagar.
Abraço
Hoje, 26 setembro sexta feira, na FOLHA, Luiz Fernando Vianna, sob o título CAÇA ÀS BRUXAS, escreve sobre o aborto e a posição dos candidatos. Cobra respostas honestas. Ilustra o caso de SERRA que demonizou o aborto e foi descoberto que sua esposa tinha feito um aborto.Por essas e outras continua a carnificina
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/187554-caca-as-bruxas.shtml
Quanto a questão das pensões alimentícias, o caso do ex-menudo pode exemplificar o excesso da cadeia e a sua irracionalidade, pois se continuasse preso sem trabalhar não teria condição de cumprir com a decisão judicial.
Precisamos que os candidatos esqueçam os ataques pessoais e comecem a pensar em temas importantes. Inclusive a Da. Dilma que não assinou o tratado de desmatamento zero. Justo o BRASIL que tem a AMAZÔNIA.
É absurdo e mais absurdo.