Poesia de Mário Quintana
Interpretação de Milton Ferretti Jung
Publicado em Canções
Ele sozinho passeia
Em seu palácio invisível.
Linda moça risca um riso
Por trás do muro de vidro.
Risca e foge, num adejo.
Ele pára, de alma tonta.
Um beijo brota na ponta
Do galho do seu desejo.
E pouco a pouco se achegam.
Põem a palma contra a palma.
Mas o frio, o frio do vidro
Lhe penetra a própria alma!
“Ai do meu Reino Encantado,
Se tudo aqui é impossível…
Pra que palácio invisível
Se o mundo está do outro lado?”
E inda busca, de alma louca,
Aquele lábio vermelho.
Ai, o frio da própria boca!
O amor é um beijo no espelho?
Beija e cai, como um engonço,
Todo desarticulado?
Linda moça, como um sonho,
Se dissipa do outro lado?