Por Carlos Magno Gibrail
A ALSHOP, fundada há 25 anos, tradicionalmente tem divulgado o desempenho das vendas natalinas logo após o Natal. Nesse 2019 não foi diferente. Entretanto, a mídia em geral deu um espaço inédito para reportagens com os dados da ALSHOP, que apresentaram crescimento nominal de 9,5% nas vendas em relação a 2018.
O fato gerou reação negativa imediata da Ablos, entidade criada em abril com o propósito de representar os lojistas satélites de shoppings. Tito Bessa, fundador e presidente da Ablos – Associação Brasileira dos Lojistas Satélites, atacou a ALSHOP e seu presidente, de acordo com matérias nos principais jornais:
“A notícia da Alshop é falsa, é Fake News, o Nabil não consegue provar os dados, não tem base técnica, não fez pesquisa”.
De acordo com reportagem na Folha, de Joana Pruna e Paula Soprana, Bessa também afirmou que entrará na justiça.
Ao fundar a Ablos, Bessa ressaltou que havia necessidade de uma entidade que representasse o segmento das lojas satélites, e, portanto, o seu foco seria as lojas de até 180 m2. Considerava que a Alshop, ao incluir as megalojas e as lojas âncoras com as lojas satélites, não legitimava a representatividade das pequenas lojas. Pois, elas não teriam a força das maiores.
Dentro desse contexto ao tomar conhecimento dos dados publicados com os números da Alshop, a Ablos, deveria apresentar os dados do segmento que pretende representar, que de acordo com Bessa já tinha números iniciais pesquisados internamente, que mostrariam que 70% das lojas empataram ou pioraram o resultado comparativo com 2018; e 30% obtiveram pequeno crescimento. Não foi o que ocorreu. A Ablos preferiu desmentir os dados da Alshop, que correspondem a todos os segmentos, ou seja, âncoras, megalojas e satélites, em vez de terminar a sua pesquisa e apresentar o resultado do setor que se propõe representar — a entidade diz ter, atualmente, 90 associados.
Parece que o método que vivenciamos no caso do incêndio da Amazônia está fazendo escola, quando o Governo em vez de apresentar números se limitou a desmentir os técnicos e acusar ONGs e até ator de Holywood.
Cremos que para o bem do varejo o melhor método é aquele de manter o foco nos números, e que sejam apresentados os resultados comparativos do Natal das lojas satélites, que parece, é o que interessa aos associados da Ablos, e a todos os demais lojistas — assim como ao mercado consumidor.
Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.
Olá Carlos
Ótimo artigo. Precisamos reforçar a importância de método/dados.Podemos discutir critérios, que são sempre escolhas e questionáveis. Mas o fato de serem transparentes, permite um diálogo sustentável, onde podemos discutir os interesses e não posições…
Prezado Olegário, obrigado pela manifestação. Quanto mais números e métodos, melhor para o setor de varejo. E, que se cuide dos dados do próprio setor.