Por Carlos Magno Gibrail

Informações sobre lojas, publicadas há pouco, simultaneamente no New York Times e no Relatório Anual da ABRASCE Associação Brasileira de Shoppings Center, dão a impressão que estamos em mundos diferentes.
A manchete dos americanos é contundente:
“Lojas temem virar peça de museu concorrendo com a internet”.
Enquanto os brasileiros, menos enfático mas otimistas, apontam o crescimento do número de shoppings de 538 para 558 no último ano. Perfazendo acréscimo de 3,7%. Registram também aumento de 3,8% na ABL área bruta locável. Que é uma medida da quantidade dos espaços disponíveis para as lojas se instalarem.
Não obstante os dados positivos relativos ao desempenho do último ano, registram o potencial de desenvolvimento comparativamente ao atingido em outros países.
Tomando a ABL disponibilizada para cada 100 habitantes registram que nos EUA há 219ABLm2 /100hab, no Chile 20ABLm2/100hab, enquanto no Brasil temos 7,4ABLm2/100hab.
Esses dados da ABRASCE, embora reais são inócuos, pois considerar o crescimento de ABL é distorcer o resultado. Em virtude do grande espaço ocupado pelas âncoras este índice fica sem significado. É só percorrer a maiorias dos Shoppings brasileiros para atestar os espaços locáveis sem ocupação.
Da mesma forma, apostar no potencial de disponibilidade futura da ABL por habitante, é crer no mesmo cenário do varejo, quando há clara sinalização que devido a novos canais e novas conexões, além de específicos lifestyles, haverá uma nova estruturação do comércio.
É o que diz o New York Times, apontando que nos últimos três anos o comércio eletrônico que vinha crescendo 30 bilhões ao ano, passou para 40 bilhões de dólares:
“A transformação vem esvaziando os shoppings center, levando marcas tradicionais do varejo à falência e causando perdas de emprego em volume espantoso: 89 mil vagas foram perdidas de outubro do ano passado para cá.”
Ao mesmo tempo, operações de sucesso digital como a Amazon abrirão lojas físicas.
Lojas físicas deverão comissionar vendedores que encaminharem compradores para a web, e lojas físicas abrirão lojas virtuais.
Aqui, haverá mudanças no mix, com preferência ao entretenimento. Cinemas, teatros, restaurantes, games, etc. deverão ampliar em muito sua presença.
Lá e cá, quem comandará será o consumidor. As estatísticas que se cuidem.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.